quinta-feira, 14 de abril de 2011

Mecanismos da Resiliência


A mente superando tragédias.

Existem recursos inatos que asseguram a sobrevivência. Tais recursos podem ser desenvolvidos.

A Neurociência da Coragem Genuína

Quando uma tragédia se manifesta, a maioria dos seres humanos têm a capacidade de se recompor de forma extremamente satisfatória.
Esta capacidade de recuperação se chama Resiliência.

Quando passamos por alguma experiência negativa, experimentamos uma sensação de choque profundo e desorientação. Porém, alguns estudos revelam que grande parte de indivíduos vítimas de tragédias têm a recuperação precoce, podendo até mesmo tornar-se emocionalmente intactos. A maioria das pessoas demonstra uma espantosa resiliência natural, por pior que seja o que a vida tenha oferecido.

Mas o Que Vem a Ser Resiliência?

Resiliência (do latim re, “para trás”. E salire, “voltar”) – significa portanto voltar para trás, retornar.

Isto ocorre dentro de um breve período de tempo. A resiliência tem início em um nível primário. Diante uma ameaça, o sistema nervoso do indivíduo sofre alterações químicas, incitando a pessoa a reagir ou a fugir. É como se nosso cérebro pulsasse dizendo: “Lutar ou fugir? Lutar ou fugir?...”. Após um determinado período de tempo, essa turbulência passa para uma calmaria relativa. No caso de estímulo constante de autodefesa, há um fluxo contínuo de hormônios de estresse, que podem danificar células cerebrais, localizadas nas áreas cerebrais relacionadas com a memória e com a emoção, produzindo uma verdadeira ruína tanto física como emocional. Contudo, a maioria de nós conta com a resiliência.

Enfrentamento Desadaptativo

A maioria das pessoas se adaptam de forma surpreendentemente bem a qualquer coisa que o mundo venha nos oferecer. O retorno à um certo nível de normalidade se dá em poucos meses.

Seja Aquilo Que Puder Ser

A resiliência é regra para a maioria dos seres humanos, aproximadamente 10% dos seres humanos, não têm a capacidade para se recuperarem de um trauma emocional, mergulhando em ansiedade e depressão.

Não é possível evitar tragédias, nem tampouco prevenir que as pessoas sofram com o estresse.

Raízes da Realidade

As bases da personalidade e da identidade dependem de matizes instaladas nos primeiros anos de vida, referentes às relações com o mundo, valores ou mesmo ideais. Esta estrutura psíquica definirá, de certa forma, a capacidade de percepção de eventos apresentados e de recursos emocionais para enfrentar o amor, a dor e os revezes. Por isso notamos reações diferentes em cada pessoa diante dos mesmos impactos e do imprevisível. A resiliência está ligada a esta dinâmica.

O Que Torna um Indivíduo Resiliente?

Um recém-nato é vulnerável física e biologicamente, o que o torna dependente, quase que de forma integral, do mundo externo para sobreviver. As sensações de fome ou de prazer servem de fundamento para seus registros psíquicos.

A presença da mãe ou do cuidador é imprescindível, pois o ambiente, o conforto, a acolhida e a regularidade na rotina, são fatores que não irão permitir à criança conquistar a confiança básica necessária para sua organização interior e o desenvolvimento psicológico. Esse é um processo que também permite o aprimoramento das funções perceptivas e o amadurecimento emocional. Aos poucos a criança vai adquirindo a capacidade de observação do mundo integralmente, ao mesmo tempo em que a noção do outro e do eu se tornam mais clara. Todo este aparato vai definir algumas bases para o futuro e suas possíveis adversidades.
Diante um evento traumático a estabilidade das defesas e o equilíbrio psíquicos são postos à prova.

A fragilidade e o desamparo primitivos retomam e podem desencadear sintomas como intensa ansiedade, desespero, insônia e pesadelos. A força de reconstrução de uma conduta vital positiva, num espaço de tempo razoável, irá indicar subsídios de autoproteção diante das adversidades, além de integridade psíquica estabelecida nos pilares da vida mental.

A tolerância para enfrentar o acontecimento traumático gera uma maior capacidade para elaboração da experiência dolorosa. Há um aumento das possibilidades para a reorganização de uma vida mental saudável. A resiliência está inserida na confiança que permanece presente e viva, mesmo diante de situações difíceis, como uma chama de vida que se mantém apesar da dor.

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